TabacariaNão sou nada. Janelas do meu quarto, Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Falhei em tudo. |
Poema em linha retaNunca conheci quem tivesse levado porrada. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Arre, estou farto de semideuses! Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, |
O guardador de rebanhosEu nunca guardei rebanhos, Mas a minha tristeza é sossego Como um ruído de chocalhos Pensar incomoda como andar à chuva Não tenho ambições nem desejos E se desejo às vezes É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol, |
Ode marítimaSozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão, Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma, Os paquetes que entram de manhã na barra Ah, todo o cais é uma saudade de pedra! |
AutopsicografiaO poeta é um fingidor. E os que leem o que escreve, E assim nas calhas de roda |
AniversárioNo tempo em que festejavam o dia dos meus anos, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo, O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos… |
PresságioO amor, quando se revela, Quem quer dizer o que sente Ah, mas se ela adivinhasse, Mas quem sente muito, cala; Mas se isto puder contar-lhe |
Não sei quantas almas tenhoNão sei quantas almas tenho. Atento ao que sou e vejo, Por isso, alheio, vou lendo |
Todas as cartas de amor…Todas as cartas de amor são Também escrevi em meu tempo cartas de amor, As cartas de amor, se há amor, Mas, afinal, Quem me dera no tempo em que escrevia A verdade é que hoje (Todas as palavras esdrúxulas, |
O cego e a guitarraO ruído vário da rua Sou como a praia a que invade Depois de eu cessar, o ruído. Cheguei à janela Ambos fazem pena, Eu também sou um cego |